PROJETO " A ARTE INCENTIVA A LITERATURA DE CORDEL"


As pessoas acabam de aprender a ler, e a escola oferece logo livros do Machado de Assis, Augusto dos Anjos, Drumond e outros autores. São excelentes escritores e poetas, mas o texto deles, para quem acabou de começar a ler, é muito denso e difícil de entender. Por isso, eu acredito que seja necessário que as escolas de ensino fundamental utilizem, nas bibliotecas, os folhetos de cordéis porque são textos simples e mais agradáveis para quem acaba de começar a ler e se familiarizar com a escrita.
(Diário do Nordeste)

O Projeto

O Projeto visa valorizar o sentimento do Nordeste baseando-se no valor cultural da Literatura de Cordel, fazendo com que as crianças conheçam e percebam que o saber do nordestino está nas raízes do seu povo. A Associação Brincantes do Folclore Nordestino trabalha na execução de resgatar o patrimônio imaterial de nosso povo visando a qualidade de demostração de suas obras transmitindo a essência de uma literatuta muitas vezes simples mas com um teor de magnitude esplêndida.
A literatura de cordel é exatamente isso – cultura popular. Os versos estão sempre relatando acontecimentos, fatos políticos, artísticos, lendários, folclóricos ou pitorescos da vida como ela realmente é. Sua produção é simples como o povo; não requer tanto “estilísmo” ou “formalidades”; sua abrangência alcança todos as classes sociais. Assim, o que falta é o reconhecimento e a valorização.
 Na execução do projeto será apresentado o espetáculo infantil "Ratimbum, Pararatimbum!" de Paulo Sacaldassy  faz parte do Projeto "A Arte Incentiva a Literatura de Cordel" Prêmio Patativa do Assaré, o projeto será desenvolvido no primeiro semestre de 2012 e dentro de seus objetivos é trabalho de formação de novos cordeslistas nas escolas públicas. Será aberto um concurso de histórias em cordéis com premiações em dinheiro, bem como palestras e workshop nas escolas sobre a importância da literatura de cordel. Será montado um espetáculo de bonecos que circula-rá com o grupo pelas cidades de Floriano, Canto do Burití, São Francisco do Piauí, Tamboril e Barão de Grajaú. Todas essas cidades participarão  do projeto que resultará no lançamento de um livro com os melhores cordéis.
O Espetáculo conta a história de um reino mágico, em que um menino e uma menina, vão ajudar a Boneca de pano e o Soldadinho de Chumbo, a salvar o velho Palhaço das garras da terrível Bruxa Papão, que já hipnotizou todas as crianças com seus programas infantis e agora está atrás da alegria do Palhaço, para então poder dominar o mundo das crianças. Uma aventura, onde Julinho e Clarinha vão conhecer através da Boneca e do Soldadinho, antigas brincadeiras infatis, resgatando a alegria inocente de brincar.

A abertura do espetáculo conta ainda com a participação de Joaõzinho e Zezinho que são dois bonecos que fazem a abertura do espetáculo com histórias engraçadas e incentivando o gosto pela literatura de cordel, contando os seus contos de forma lúdica e valorizando o saber cultural do cordel.


A história da literatura de cordel no Nordeste.

Os folhetos de cordel, com seus múltiplos temas e como se sabe esta riquíssima e sugestiva expressão literária popular que se encontrou fértil campo no nordeste brasileiro, espirada na literatura francesa Colportage, nos romances e pliegos sueltos hibéricos e na própria literatura de cordel portuguesa a nossa de literatura de folhetos (ou de cordel) nasceu e desenvolveu-se no nordeste brasileiro, cantando as sagas e a sabedoria do povo sertanejo. Atualmente, esta manifestação popular pode ser encontrada em diversos pontos do país, sempre incentivada pela comunidade nordestina.
O primeiro folheto que se tem noticia foi publicado na Paraíba por Leandro Gomes de Barros, em 1893, acredita-se que outros poetas tenham publicado antes, como Silvino Pirauá de Lima, mas a literatura de cordel começou mesmo a se popularizar no inicio deste século. As primeiras tipografias se encontravam no Recife e logo surgiram outras na Paraíba, na Capital e em Guarabira. João Melquiades da Silva, de Bananeiras, é um dos primeiros poetas populares a publicar na tipografia popular Editor, em João Pessoa.
Contrariando a austera do alto grau de analfabetismo, a popularização da Literatura de Cordel no Nordeste se deu mais pelo esforço pessoal dos poetas cordelistas, fora dos círculos culturais acadêmicos, contando suas histórias nas feiras e praças, muitas vezes ao lado de musicas. Os folhetos eram expostos em barbantes, ou amontuados no chão, despertando a atenção do matuto que se acostumou a ouvir os temas da literatura popular de cordel em suas idas às feiras, verdadeiras festas para o povo do sertão, nas quais podiam, além de fazer compras e vender produtos, divertir-se e se inteirar dos assuntos políticos e sociais.
Pode-se falar em Literatura de Cordel como um conjunto de autores, obras e publico. O poeta cordelista, na maioria das vezes de origem humilde e proveniente do meio rural, migrava para os grandes centros urbanos onde passava a tirar seu sustento da venda dos folhetos, chegando, algumas vezes, a funções de tipógrafo e editor. Neste contexto, ele se tornava verdadeiro mediador das concepções das classes populares nordestinas, já que compartilhava a mesma ideologia e valores de seu público.
Os folhetos, confeccionados em sua maioria no tamanho 15 a 17cm x 11cm e, em geral, impresso em papel de baixa qualidade, tinham suas capas ilustradas com xilogravuras na década de 20, em substituição as vinhetas. Já nos anos 30 a 50, surgiram as capas com fotos de estrelas de cinema americano. Atualmente ainda mantém o mesmo formato, porém são encontrados outros maiores. Quanto à impressão, substituído a tipografia do passado, hoje são usadas as fotocópias.
Os temas da Literatura de Cordel são muito estudados por folcloristas, sociólogos e antropólogos que chegam a apresentar conclusões polemicas e algumas vezes contraditórias quanto a sua classificação. Detalhes a parte, quanto a varias propostas, os folhetos se dividem entre os assuntos descritivos e os narrativos. È no primeiro grupo que estão incluídos os folhetos de conselhos, eras, corrupção, profecias e de discussão, que guardam um certo parentesco em si, por encerrem uma mensagem moralista freqüentemente ligada a uma ética e a uma sabedoria sertaneja.
Nesta área multiplica-se as histórias que trazem como pano de fundo a vida dura do campo cheia de sofrimentos, mais alheia aos desmartelos do mundo moderno e urbano. Também se encaixam nos folhetos descritivos as pelejas entre cantadores e poetas, as personalidades da cidade e da política (muitas vezes encomendadas pelos próprios políticos em época de eleição), os temas de louvação ou critica, os religiosos contando preconceitos e virtudes católicas, as biografias ou milagres dos santos e de figuras como Padre Cícero e Frei Damião. Há ainda os de gracejos de acontecimentos reais e imaginários, de bravura e valentia como os feitos de Lampião, Antonio Silvino e Pedro Malasarte, entre outros que a literatura popular transformam bandidos em heróis.
As características gráficas e temáticas dos folhetos podem variar de acordo com o deslocamento da área de atuação do poeta que muitas vezes se depara com um publico de concepção e comportamento diferente do matuto nordestino.
Ao falar de literatura de cordel no nordeste não se pode esquecer de Antonio Gonçalves da Silva, conhecido como Patativa do Assaré, referencia no município em que nasceu. Analfabeto “sem saber as letras onde mora”, como diz num de seus poemas, sua projeção em todo Brasil se iniciou na década de 50, a partir da regravação de “Triste Partida”, toada de repente gravada por Luis Gonzaga (ver anexo).
Sua imaginação poética serviu vassala a denunciar injustiças sociais, propagando sempre a consciência e a perseverança do povo nordestino que sobrevive e dá sinais de bravura ao resistir às condições climáticas e políticas desfavoráveis. A esse fato se refere à estrofe da música Cabra da Peste.
“Eu sou de uma terra que o povo padece
Mas não esmorece e procura vencer.
Da terra querida, que alinda cabocla
De riso na boca zomba no sofrê
Não nego meu sangue, não nego meu nome.
Olho para a fome, pergunto: que há?
Eu sou brasileiro, filho do Nordeste,
Sou cabra da Peste, sou do Ceará.”
Dentre os grandes nomes da xilogravura nordestina não se pode deixar de falar em um gênio que é o DILA- José Soares da Silva, residi em Caruaru-PE, onde estalou uma rústica oficina gráfica para imprimir os seus folhetos. É um dos mais respeitados xilogravura do nordeste brasileiro, trabalhando com sua arte com lâmina de barbear em pedaços de madeiras em pedaços de madeiras umburana. No qual fabrica capa de cordéis ate rótulos de garrafas de aguardente e outros produtos. É um dos poucos que, alem da madeira, utiliza a borracha para talhar as xilogravuras, alem de seu local de trabalho, transformou –se num ponto de atração turística.